O Pingo Doce tentou silenciar os animais e os consumidores ao colocar a organização Frente Animal em Tribunal. Neste dia em que se fez história em Portugal, a justiça reconheceu que esta história merece ser contada, e os consumidores têm direito à informação. É uma vitória histórica para os animais.
Nos últimos meses, os nomes Pingo Doce, Lusiaves e Frente Animal ocuparam o centro de uma polémica que expôs os bastidores da indústria do frango em Portugal.
Tudo começou a 20 de dezembro de 2024, quando a Frente Animal tornou públicas imagens chocantes de maus-tratos em explorações fornecedoras da cadeia de supermercados da Jerónimo Martins. As denúncias mostravam galinhas deformadas, aves incapazes de se mover, amontoadas entre cadáveres e até atropeladas por camiões. Foi assim que lançamos a campanha #FimDoDoce.
A reação do Pingo Doce foi imediata: rejeitou as acusações, exigiu a revelação dos fornecedores envolvidos e entrou com uma providência cautelar contra a Frente Animal para travar a campanha #FimDoDoce, exigindo a retirada imediata de todas as imagens divulgadas e o pagamento de 2.000 euros por cada dia em que estas permanecessem online.
Durante semanas, a Frente Animal manteve a denúncia e os conteúdos e, após o término da campanha, sempre nos mantivemos firmes na decisão de manter os conteúdos online, por refletirem a nossa missão, o nosso trabalho de investigação e denúncia, fundamentais para informar a sociedade sobre as práticas das grandes empresas.
Em março de 2025, lançamos uma nova campanha: Fábricas de Dor, desta vez recorrendo a imagens captadas numa exploração do Grupo Lusiaves, um dos maiores produtores de frango do país, certificada com o selo de bem-estar animal Welfair™ e também fornecedor do retalhista. As imagens mostravam aves a serem mortas à paulada, sem acesso a água ou comida. A denúncia levou à suspensão de quatro trabalhadores.
Entretanto, cerca de 20 organizações nacionais e internacionais juntaram-se ao apelo, pedindo ao Pingo Doce que assumisse compromissos claros de bem-estar animal, nomeadamente através da adesão ao European Chicken Commitment (ECC).
A pressão social cresceu, colocando em causa as práticas da empresa e a sua resposta à denúncia.
A decisão histórica
Agora, o tribunal rejeitou integralmente o pedido do Pingo Doce, reconhecendo a legitimidade da atuação da Frente Animal e confirmando o direito de manter as imagens e informações publicadas.
Esta decisão é uma vitória inédita pelos animais e uma prova de que a sociedade não aceita que estas práticas fiquem escondidas.
Mais do que uma vitória judicial
Este desfecho não representa apenas uma conquista da Frente Animal. É um triunfo para a liberdade de expressão, para o direito à denúncia e, sobretudo, para os animais que diariamente sofrem em silêncio.
Na Frente Animal, continuaremos a expor e denunciar práticas abusivas, para que nenhum sofrimento fique oculto. O direito a informar e a exigir mudanças é um passo essencial para uma sociedade mais justa — para todos os seres vivos.
Apoia esta luta
Este processo judicial implicou custos elevados para a nossa associação — e ainda não terminou. Cada ação que levamos a tribunal é um esforço enorme para uma ONG sem fins lucrativos como a Frente Animal, mas acreditamos que vale a pena e abre precedentes para casos futuros. Se também acreditas num futuro em que os animais não são tratados desta forma, ajuda-nos a continuar esta luta. Faz um donativo aqui.